Arquidiocese pelo mundo: uma conversa com o padre Antônio Hofmeister

22/02/2022

Arquidiocese pelo mundo: uma conversa com o padre Antônio Hofmeister

A Arquidiocese de Porto Alegre continua a série de reportagens sobre os sacerdotes que estão fora do território estudando ou desenvolvendo trabalhos em outras missões. A terceira entrevista é com o padre Antônio Hofmeister, 49 anos, que completa 20 anos de ordenação presbiteral em junho, e desde 2020 trabalha no Vaticano. Confira:

 

Fale um pouco de sua trajetória, desde as primeiras lembranças de igreja quando criança/adolescente, a formação, paróquias por onde passou na Arquidiocese?

 

Padre Antônio Hofmeister – Fui batizado no Santuário de Nossa Senhora Aparecida em Ipanema, onde moravam meus padrinhos, mas cresci na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, no bairro Rio Branco. Lá fiz a minha primeira comunhão e a crisma. Além, é claro, do ambiente familiar, devo muito da minha formação cristã durante os anos de juventude aos movimentos de apostolado do ONDA e do CLJ da mencionada paróquia. Quando entrei na Universidade, minha família mudou-se para o bairro Petrópolis, e passei a participar do Movimento de Emaús, que também colaborou muito em minha formação cristã e no despertar da vocação. No ano de 1996 entrei para o seminário, e em 2002 fui ordenado presbítero por nosso atual Arcebispo Emérito, D. Dadeus Grings.

 

No dia de minha ordenação (22 de junho de 2002), D. Dadeus me comunicou a minha primeira nomeação como padre: Vigário Paroquial da Paróquia São João Batista, em Camaquã. Naquela época, a paróquia abrangia também os municípios de Chuvisca e Cristal. Lá trabalhei os dois primeiros anos de meu ministério sacerdotal. Em julho de 2004 fui nomeado pela primeira vez pároco: Paróquia de Nossa Senhora das Dores, no centro da capital. Tive a alegria de ser o pastor daquela comunidade por 4 anos e meio, até o final do ano de 2008, pois no início de 2009 eu partiria em missão para a Igreja Irmã da nossa Arquidiocese, a então Prelazia Territorial do Xingu (hoje Diocese de Xingu-Altamira). Lá trabalhei por dois anos na Paróquia São Braz, no município de Porto de Moz (onde hoje se encontra o Pe. Tiago Camargo, do nosso clero), e por seis meses fui Administrador Paroquial da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Altamira.

 

 No segundo semestre de 2011 vim a Roma, onde permaneci até 2013, realizando os estudos do Mestrado em História da Igreja. Entre agosto de 2013 e julho de 2016 fui pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima (paróquia para os imigrantes de língua portuguesa), na Arquidiocese de Edmonton, no Canadá. Regressando à nossa Arquidiocese em agosto de 2016, fui nomeado pároco da Paróquia Santa Hedviges, no Jardim Algarve, em Alvorada, onde permaneci até o ano de 2020, quando vim assumir esta nova missão em Roma.

 

Nos fale sobre a sua atividade atualmente no Vaticano?

 

  Padre Antônio –  No início de 2020 fui chamado por D. Jaime à Cúria Metropolitana. Lá, o Arcebispo me comunicou que eu havia sido escolhido para trabalhar na Secretaria de Estado, no Vaticano. Deveria apresentar-me aqui em Roma no mês de março de 2020 mas, devido às limitações impostas pela pandemia da COVID-19, apenas pude chegar à cidade eterna no mês de agosto daquele ano. Em resumo, minha atividade é colaborar na Seção de Língua Portuguesa, uma das 8 sub-seções linguísticas dentro da chamada Primeira Seção da Secretaria de Estado, ou Seção para os Assuntos Gerais. Esta minha colaboração inclui várias tarefas que exigem o conhecimento da língua: traduções dos textos oficiais para o português, preparação de resumos em italiano de textos que chegam aqui em português, encaminhamento para as diversas congregações e dicastérios da Cúria Romana, se for o caso, destes mesmos documentos, de acordo com a competência, etc. Também colaboro como leitor de língua portuguesa nas audiências gerais do Santo Padre nas quartas-feiras, alternando com meus dois colegas de Portugal. 

 

Como é o seu contato com o Papa Francisco?

 

Padre Antônio –  Moramos na mesma casa: a Domus Sanctae Marthae (Casa de Santa Marta). Eventualmente nos cruzamos no hall de entrada ou no refeitório. Mas o contato mais próximo é mesmo durante as audiências das quartas-feiras.

 

Como o senhor celebra os sacramentos no Vaticano? Eucaristia? Reconciliação? 

 

Padre Antônio –   Temos uma concelebração diária, para os residentes, na Capela da Casa. Uma vez por semana, nas terças-feiras à tarde, eu atendo às Missionárias da Caridade (Congregação fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá), junto à Igreja de São Gregório, no monte Célio. Aos Domingos, celebro missa na Paróquia Santa Maria delle Grazie (Nossa Senhora das Graças), aqui pertinho do Vaticano.

 

Como é o seu contato com os brasileiros no Vaticano? Fale também um pouco sobre as outras nacionalidades (padres, religiosos, leigos)

 

Padre Antônio -  Aqui na casa Santa Marta mora um outro padre brasileiro, o Pe. Bruno Lins, da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele já trabalha aqui há 12 anos. Conheço outros padres brasileiros que também trabalham na Cúria Romana, e eventualmente nos encontramos para vivermos a fraternidade sacerdotal. Também tenho contato, como ex-residente, com a comunidade dos padres brasileiros que estão estudando em Roma e moram no Pio-Brasileiro. No meu trabalho na Secretaria de Estado tenho contato com padres, religiosas e leigos das mais diversas nacionalidades que também prestam seu serviço à Santa Sé.

 

O que o senhor gosta de fazer como lazer? 

 

Padre Antônio -   Ler e passear por Roma e arredores.

 

Há uma data prevista de seu retorno para o Brasil?

 

Padre Antônio –   O contrato é por cinco anos, portanto, espero retornar em 2025.

 



Autor:
Marcos Koboldt

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