Batizados no Batismo do Senhor

12/01/2022

 

A festa do batismo de Jesus, insere-se no mistério da encarnação do Filho de Deus. O evangelho diz que “quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo”. Assumiu nossa humanidade em tudo. Quis ser batizado, junto com tantos que João acolhera. Ele, Jesus, quis se ‘colocar na fila’ dos que o Pai ama.

No seu batismo recebemos o mesmo dom. Disse o Papa Francisco, que “é um ato de justiça que os pais fazem ao batizarem seus filhos”. Eles lhes conferem uma dádiva. Seus filhos tornam-se filhos da Igreja.

Este dom insere cada batizado na ‘fila’ daqueles que são chamados filhos e filhas de Deus. Por Jesus recebemos, no batismo, a herança da salvação. Nele somos herdeiros do Reino. Na voz do céu ‘ Tu és meu filho muito amado, em ti ponho meu bem-querer’. O cristão recebe a herança de pertencer a Deus. Um dom, uma dádiva, uma herança para sempre.

A herança nos infunde identidade. Uma marca que distingue e gera comprometimento. Ser filho de Deus é identificar-se por um modo de ser, de agir e de pensar que se identifica com Jesus, o Filho. “De fato, o batismo não se repete, porque imprime uma marca espiritual indelével”, continua Francisco. A marca do batismo permanece, mesmo que alguém não o queira. É marca do amor de Deus e mesmo que a se rejeite ela permanece.

A identidade em Jesus, o Cristo, o Filho amado, é para o cristão um modo de crer e agir. É orientar-se por uma gama de valores e princípios que tem no modo de agir e de falar de Jesus, um parâmetro de ser no mundo. Por isto, atitudes humanas contrárias as que Jesus tomou, não correspondem ao ‘ser cristão’, ao ser filho de Deus. Mesmo que alguém queira colocar um selo religioso em atos de violência, de ódio, mentira, julgamento excludente e preconceituoso, não são da identidade cristã. É oportuno recordar também que a fé é parte do ser cristão. É de Deus, o Pai, que procede a identidade do Filho. A voz não vem de ‘baixo’, mas do alto, do céu: “Tu és meu Filho muito amado”. O amor de Deus, gera e identifica o amor fraterno. É como água que vem da montanha e irriga toda a planície. É a dinâmica do amor que gera vida. Insere-nos numa ‘vida de ressurreição e não a uma vida mundana” disse Francisco, na celebração do batismo no dia 09/01/2022.

Se há uma identidade, há também um comprometimento. Nos relatos do evangelho, depois do batismo, Jesus começa sua pregação. O batismo não pode ser um adendo cultural. Muito menos deve ser gesto de costume, medo de ‘morrer pagão’ ou obrigação. Batismo é graça! É dizer a quem o recebe que pertence a Deus e como filho e filha amados. Frutos do bem-querer do Pai. É como a boa semente. Lançada na terra, precisa ser cuidada para crescer e dar fruto. Sem isso, perde-se a essência. É parte da essência da semente frutificar e multiplicar-se. Graça que se torna missão. Por isso, todo batizado é missionário. “ Tornar a vida uma oferta agradável a Deus, prestar-lhe testemunho com uma vida de fé e de caridade e pôr a vida ao serviço dos outros, seguindo o exemplo de Jesus Cristo”. Esta é a missão do cristão completa Francisco.

No batismo a vida se faz dom e herança. Graça e missão de amor. Bem recebido que se faz testemunho e partilha na alegria de ser amado. “Tu és meu filho muito amado”.



Autor:
Dom Adilson Pedro Busin

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