Matrimônio e família

05/08/2021

Quando celebramos o Dia dos Pais, somos também convidados a promover reflexão sobre a vocação ao matrimônio e à vida familiar.

A constituição de uma família é algo que pertence à existência segundo a natureza. Sabe-se que também no mundo dos animais existem "famílias''. A família exprime o modo de existir dos seres viventes, sendo algo que concerne à natureza da criação.

Os cristãos, porém, pelo batismo adquirem uma vida nova, não mais segundo a existência natural, mas segundo uma vida que pertence a Deus. Por meio do batismo, nos tornamos participantes da vida divina.

Pela celebração do sacramento do matrimônio “os noivos prometem-se entrega total, fidelidade e abertura à vida, e também reconhecem como elementos constitutivos do matrimônio os dons que Deus lhes oferece, levando a sério o seu mútuo compromisso, em nome de Deus e perante a Igreja” (Papa Francisco). Porque é um sacramento tudo aquilo que diz respeito à vida natural é transformado pela ação do Espírito Santo em novo modo de existência. A vida natural é assumida e transformada, pois pela ação sacramental a primazia não mais pertence à natureza, mas à relação. 

O matrimônio é assumido como um dom para a santificação e a salvação dos cônjuges, porque a sua pertença recíproca é a representação real, por meio do gesto sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja. Este modo de vida é vocação, pois é resposta ao chamado específico para viver o amor conjugal como sinal imperfeito do amor entre Cristo e a Igreja.

A compreensão cristã do sacramento do matrimônio aponta para a própria essência divina. O mistério de Deus traz a característica da família: tem em Si mesmo paternidade, filiação e a essência da família, que é o amor. 

Um verdadeiro amor pode intuir a dignidade do matrimônio, que dá visibilidade e concretiza o amor de Deus para com a humanidade no mundo presente. Desponta, assim, a necessidade sempre atual de apresentar às novas gerações o significado e dignidade da vida matrimonial, e acompanhá-las num salutar processo de discernimento.



Autor:
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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