O novo que o tempo atual exige

21/01/2021

O momento que a humanidade vive pôs em relevo um aspecto da existência humana que nos últimos tempos foi transcurado: a saúde do ser humano é indissociável da saúde do meio ambiente. Embora recentemente, em alguns espaços da sociedade, se destaque a necessidade de cuidar da Casa Comum (o meio ambiente), o tema ainda não está sendo suficientemente abordado com o rigor e a determinação que exige.

Não faltam dados mostrando que as mudanças climáticas e a atual pandemia têm impactado não só a economia, a política, a ética e o ambiente, mas também a sociedade. Tal realidade representa um chamado à responsabilidade e à necessidade de compreender que somente um compromisso coletivo de solidariedade e o desenvolvimento de uma cultura do cuidado, que tenham como foco o bem comum e a dignidade humana, poderão promover as condições necessárias para a superação dos desafios impostos a todos.

Urge continuar promovendo as orientações das autoridades sanitárias no tocante aos cuidados necessários diante da atual circulação ágil e perigosa do novo coronavírus. Certamente a disponibilidade de vacinas favorece a esperança de que a médio e longo prazo será possível superar os limites determinados pela presença do vírus entre nós. Ao mesmo tempo, não se pode olvidar a necessidade de promover a educação para uma ecologia integral. Afinal, “tudo está interligado”! Daí a importância de “repensar os estilos de vida, as relações, a organização das sociedades e, sobretudo, o sentido da existência” (Papa Francisco).

As medidas políticas e técnicas que a pandemia exige, não podem estar dissociadas de um processo educativo focado num modelo cultural de desenvolvimento e sustentabilidade que considere a aliança entre os seres humanos e o meio ambiente.

Chegou o momento de uma mudança de rumo! O planeta Terra se encontra gravemente doente. Há uma multidão que clama por condições mínimas de vida digna. O modelo político-econômico que até então tem pautado decisões, mostra que não se tem cuidado suficientemente da casa comum e muito menos da vida de uma multidão de seres humanos.

Se a partir da Revolução Francesa foi dada primazia à liberdade e à igualdade, é hora de redescobrir a importância e dignidade da fraternidade; ela é dom e tarefa. Não se conseguirá atravessar o mar agitado da crise atual se não houver a determinação e a coragem de incluir a todos.



Autor:
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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