Arambaré: conheça a vida de fé no segundo menor município na Arquidiocese

28/09/2023

Arambaré: conheça a vida de fé no segundo menor município na Arquidiocese

A Arquidiocese de Porto Alegre é composta por 29 municípios, que estão divididos em quatro vicariatos. O Censo 2022 divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou dados importantes sobre a população gaúcha. Até o último levantamento, o menor município dentro da Arquidiocese era Arambaré, na Costa Doce do Rio Grande do Sul. Contudo, a cidade foi uma das poucas que apresentou crescimento populacional e deixou para Mariana Pimentel a condição de menor cidade no território arquidiocesano, mesmo que esta também tenha crescido, mas bem menos. Arambaré está localizada na beira da Lagoa dos Patos, distante 140 quilômetros de Porto Alegre. No ranking das menores cidades, ocupa a segunda  posição com uma população de 4.112 habitantes. Para conhecer a vida de fé  na cidade conversamos com o Pe. Jeverson Peixoto Oliveira, pároco da paróquia Nossa Senhora dos Navegantes há dez anos. 

 

Quantas missas são celebradas por semana na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes?

 Pe. Jeverson – A Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes celebra três missas semanais, sendo uma missa com bênçãos de objetos e saúde nas quintas-feiras e aos sábados às 18h e domingos às 9h. Na primeira sexta-feira do mês temos adoração ao Santíssimo e a missa às 18h em honra ao Sagrado Coração de Jesus.

 

A paróquia é responsável por capelas na região?

Pe. Jeverson –   Temos no distrito de Santa Rita do Sul, a comunidade Nossa Senhora da Imaculada Conceição, onde celebramos a Santa Missa todos os sábados às 15h.   Também são comunidades da paróquia os Assentamentos Caturritas, Capão do Leão e uma pequena vila da Parada Bonita. Nesses lugares celebramos uma vez ao mês, durante a semana. Além dessas, atendemos duas comunidades que pertencem a paróquia São João Batista de Camaquã: Nossa Senhora Aparecida, no assentamento Boa Vista e a comunidade São Carlos localizada na Vila São Carlos.

 

Quantas pessoas fazem parte da equipe de Liturgia e dos ministros da Comunhão?

Pe. Jeverson –   Apesar de sermos uma paróquia pequena, possuímos um bom número de pessoas que fazem parte da equipe de liturgia. Atualmente podemos contar com umas 20 pessoas, sem contar aqueles que são leitores em alguns momentos, mas estão sempre disponíveis. Hoje, atuando, temos somente dois ministros. E quatro pessoas que estão fazendo a formação e irão receber o mandato no final do ano.

 

 Há algum trabalho de caridade que possa ser destacado?

Pe. Jeverson –   Nossa paróquia tem um casal que coordena a pastoral da caridade e, esses são responsáveis por listar as famílias que são as mais carentes e necessitadas. Fazemos arrecadação de alimentos, roupas, materiais de higiene pessoal, e todos os meses entregamos as famílias mais pobres.   Em datas especiais como Páscoa, dia das crianças, Natal, ou mesmo nos Tríduos e Novena da Padroeira, fazemos campanhas maiores, para podermos ajudar mais e melhor os necessitados.

 

Como está a presença de crianças e jovens na comunidade?

Pe. Jeverson –   Temos um número, a meu ver baixo de crianças e jovens na comunidade.   Contamos com 24 na catequese de Primeira Eucaristia I e II, e 21 na Crisma I e II, contando com a comunidade Imaculada Conceição.   Nos alegramos com a presença assídua de duas jovens da comunidade Navegantes que tocam e cantam lindamente fazendo parte do grupo de cantos e equipe de liturgia. E mais três jovens da comunidade Imaculada Conceição que estão tendo aulas de violão com o padre e logo estarão ajudando a entoar os cantos nas celebrações.

 

Como pároco, qual a vantagem ou vantagens de trabalhar em um município como Arambaré?

Pe. Jeverson –   Uma das grandes vantagens de se trabalhar em um município como Arambaré é que depois de um certo tempo, você se torna conhecido e conhece a maioria das pessoas e, não digo todas, porque sempre tem aqueles (as), de outras crenças ou mesmo católicos que não frequentam.   Outra vantagem é poder atender melhor cada pessoa ou família necessitada, fazendo um acompanhamento mais personalizado.

 

Como pároco, qual o principal ou principais desafios de trabalhar em uma cidade pequena?

Pe. Jeverson –   Quanto menor a cidade, menor é o número de pessoas, isto é, faltam pessoas para comporem as diversas pastorais que as comunidades necessitam. A meu ver o principal desafio de trabalhar em Arambaré é encontrar pessoas que assumam o compromisso de liderarem/coordenarem alguma pastoral. As pessoas dizem que gostariam de ajudar, se colocam à disposição para servir, mas coordenar uma pastoral, não. Creio que esse desafio, hoje, não é só nas pequenas cidades. Encontramos também nas maiores. Há uma falta de comprometimento com Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e a comunidade Cristã.

 

 Como tem sido para você a experiência de residir em Arambaré? Não apenas em relação aos paroquianos, mas com toda cidade, prefeito, vereador, secretários. Acompanhar o cotidiano.

Pe. Jeverson – Como Pároco, estou residindo em Arambaré a dez anos e posso dizer que está sendo uma experiência enriquecedora, gratificante e especial conviver com essa parcela do povo de Deus.   Claro que nesta caminhada tivemos altos e baixos, algumas desavenças, incompreensões, desafios, mas também alegrias, encontros, vitórias, sonhos se tornando realidade, parcerias.   Com certeza esse caminho percorrido me ajudou e ajudou a comunidade a crescer na fé, na esperança e na caridade. Não nascemos prontos, não sabemos de tudo, estamos num caminho de aprendizado constante e, como é maravilhoso aprendermos com o próximo. Mesmo quando não concordamos, divergimos em ideias, quando existe a caridade, todos aprendemos, todos ganhamos.

 

Algum fato curioso sobre a rotina de Arambaré que gostaria de destacar?

 Pe. Jeverson – É um povo que gosta de cultivar as tradições, a lida campeira, a vida do campo, e é bem comum vermos os guris, desde pequenos treinando tiro de laço na frente da casa com uma vaca de madeira.

 

Para o seu ministério, como trabalhar em uma cidade pequena colaborou no seu sacerdócio?

Pe. Jeverson –   Trabalhar em Arambaré colaborou muito no meu sacerdócio. Não são apenas 10 dias, 10 meses e sim, 10 anos, isto é, uma década de aprendizado, de vivências, de desafios, de derrotas, de vitórias, de tristezas e muitas alegrias.  Posso dizer que em Arambaré aprendi a ser não só um pároco melhor, mas um padre melhor, um cristão melhor, um ser humano melhor. Claro que ainda preciso crescer em muitos aspectos, mas é fato, que essa experiência com lutas vencidas, derrotas sofridas, sonhos realizados e tantas outras coisas foram me lapidando e preparando para desafios ainda maiores.   Procuro viver o lema da minha ordenação: "Se sou fiel no pouco, Ele me confiará mais."   Não importa o tamanho da paróquia ou cidade em que você está, em todo lugar teremos desafios, uma missão árdua que devemos abraçar com amor e fé.   Quando assumimos nossa cruz e nos colocamos a caminho com Jesus Cristo, esse caminho se torna um caminho de santidade. 

 



Autor:
Marcos Koboldt

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