Arquidiocese encerra Assembleia 2021 mobilizando o clero para implantação das Comunidades Eclesiais Missionárias

21/11/2021

Se foram os leigos que se entusiasmaram com a nova proposta pastoral apresentada na primeira etapa da Assembleia Arquidiocesana do Clero e de Pastoral (para ler a matéria completa, clique aqui), na última quinta-feira (18) foi a vez dos párocos manifestarem adesão à implantação das Comunidades Eclesiais Missionárias na Arquidiocese de Porto Alegre.

Com mais de 200 presbíteros reunidos desde às 8h no Colégio São Francisco, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, a terceira e última etapa da Assembleia foi finalizada com almoço de confraternização. O evento respeitou as orientações de segurança sanitária, necessárias para conter o novo coronavírus.

O encontro iniciou com um momento de oração, conduzido pelo padre Gustavo Batista, pároco da Nossa Senhora da Paz, de Guaíba. Em seguida, Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano deu as boas-vindas e conduziu a abertura do evento. A Assembleia seguiu com apresentação feita pelo padre Vanderlei Mengue Bock, pároco da Santa Cecília, em Porto Alegre, e ecônomo da Mitra Arquidiocesana, padre Edison Stein, pároco da Nossa Senhora da Conceição, em Viamão, e padre Ilário Flach, pároco da Nossa Senhora da Piedade e coordenador arquidiocesano de Pastoral. 

Na sequência, o clero se reuniu no Santuário Nossa Senhora de Fátima, anexo ao colégio São Francisco, para a celebração da santa missa. 

Entre as conclusões finais, o início do processo de escuta para o Sínodo 2023, que deve ser aplicado com os fiéis que participam das missas nas paróquias, foi apresentado e detalhado (leia aqui matéria completa sobre a primeira fase do Sínodo 2023).

Pandemia: dificuldades e gratidão pelo empenho sacerdotal

Não foram poucas as dificuldades relatadas pelos párocos com relação às realidades das paróquias da Arquidiocese de Porto Alegre. Foram inúmeras também as mensagens de esperança e de gratidão por tudo o que a Igreja local vem fazendo pelo povo, especialmente pelos mais pobres. Depois da apresentação da prestação de contas financeira do período de 2021, o clero passou a refletir a partir das respostas enviadas pelos párocos nas consultas promovidas pela Assembleia. 

O Dízimo foi um dos tópicos destacados (para ler o novo Diretório do Dízimo – Aplicação prática do Documento 106 da CNBB, clique aqui). Além de ter sido a sustentação financeira para a maioria das paróquias ao longo da pandemia, seus frutos são indispensáveis não só para as dimensões de manutenção e evangelização, mas para o atendimento dos pobres. Por isso, foi dada a recomendação para que cada pároco se esforce no aumento do dízimo e do número de dizimistas. 

Juntas em uma nova missão: a Igreja do “ir” e a Igreja do “vir”

“Gostaria que levantassem a mão os padres que compreenderam e abraçarão o projeto de criação das Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM) em sua paróquia”, pediu Dom Jaime Spengler, em sua fala de encerramento da Assembleia do Clero e de Pastoral.

A adesão animou a todos. A nova proposta pastoral é a única prioridade da Igreja no Brasil até 2023. A intenção é renovar o sentido de existência das paróquias, fazendo-as ir ao encontro das pessoas com o propósito de criar pequenos grupos de partilha, de oração, de caridade e de cultivo da aplicação da sabedoria bíblica na vida das pessoas. 

Em muitas paróquias da Arquidiocese, as CEM já são uma realidade. Em uma série de reportagens especiais, a Assessoria de Comunicação (Ascom) contou a experiência das paróquias Nossa Senhora da Paz (Porto Alegre), Nossa Senhora Aparecida (Guajuviras, Canoas) e Menino Deus (Porto Alegre). Outras histórias continuam chegando e serão publicadas em breve. Sua paróquia já realiza o trabalho que é fruto da Formação Discipular, processo conduzido em 2019? Mande seu relato para o e-mail ascom@arquipoa.com

Para o padre Ilário Flach, que apresentou análise sobre a realidade pastoral das paróquias, há duas dinâmicas no jeito de ser Igreja que devem ser observadas: e a Igreja do “vir”, representada pelas atividades financeiro-administrativas, de formação, de Iniciação à Vida Cristã (IVC) e de pastoral; e a Igreja do “ir”, disposta a sair em missão, ao encontro de todos. “Não podemos abandonar nenhum trabalho realizado internamente pelas unidades. Ao mesmo tempo, alguém acha que este trabalho interno (celebração das missas, atendimento de confissões, catequese, realização dos sacramentos) ainda é suficiente?”, questionou ele. “Nossa forma de conduzir as atividades da Igreja do ‘vir’ deve se dar em vista da Igreja do ‘ir’, que é a mesma Igreja ‘em saída’, exortada pelo Papa Francisco.”

Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM): uma nova paróquia 

“Presenciamos transformações estruturais profundas, que afeta tudo e afeta a todos, agravadas pela realidade da pandemia”, alertou o padre Marcus Barbosa Guimarães, subsecretário adjunto de pastoral da CNBB, em assessoria que realizou na primeira etapa da Assembleia do Clero e de Pastoral, realizada no dia 4 de novembro, e que reuniu clero e lideranças leigas paroquiais por meio do canal da Arquidiocese no Youtube. O padre Marcus referia-se, no momento, à atual crise pela qual passa o modelo de paróquia vigente. Para ele, estamos diante de uma mudança de época que nos leva a uma crise do sentido global da existência.

“O novo modelo, o qual somos convidados a estimular, sugere paróquias centrífugas, que têm um centro, sim, mas não um centro voltado para dentro, mas ‘em saída’”, explicou. “E há um centro, sim. Não há um abandono da sede paroquial. Permanece havendo um CPP, equipes pastorais etc., mas é um centro que irradia. Sempre de portas abertas, onde se entra, e de onde se sai. No entorno, estão comunidades em rede, que criam vínculos entre si, e não se desligam da paróquia para que não caiamos na tentação dos individualismos, de pessoas e até de comunidades.”

Atento a reações que chegam de paróquias de todo Brasil, o padre Marcus fez questão de ressaltar que o trabalho com a CEM não é uma invenção. “Parece que estamos sempre começando algo novo, mas não é verdade. São João Paulo II, em discurso ao Celam (Conselho Episcopal Latinoamericano) já falava da necessidade de uma nova evangelização para responder aos novos desafios. Também Bento XIV, na Carta Apostólica “Porta Fidei” também nos alertava para a urgência de um novo jeito de evangelizar. Por fim, o Documento de Aparecida, de 2007, tornou-se um eixo articulador para a ação evangelizadora de nossa Igreja”, contextualizou o assessor.

Nova formação: proposta visa preparar novos animadores de CEM

A grande notícia da Assembleia do Clero e de Pastoral 2021, realizada em formato inédito com três encontros (dias 4, 11 e 18 de novembro), foi apresentada pelo padre Rafael Martins Fernandes, Diretor Espiritual do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão. 

Em parceria com a PUCRS, a Arquidiocese de Porto Alegre está desenvolvendo o Curso de Extensão: Itinerário Formativo para Evangelizadores | Revisitando as fontes para construir Comunidades Eclesiais Missionárias. Gratuito e dirigido a todos os fiéis (em especial, aos catequistas e os membros dos Conselhos de Pastoral Paroquial - CPP), além de clérigos, religiosos e religiosas, o objetivo geral do curso será promover a formação de evangelizadores que vivam e cultivem a fé em Comunidades Eclesiais Missionárias. A capacitação buscará também:

  • Incentivar a vivência comunitária da fé católica (a casa da comunidade).
  • Revisitar as Sagradas Escrituras como fundamento da comunidade cristã (pilar da Palavra)
  • Compreender a liturgia como fonte e ápice da vida cristã (pilar do pão)
  • Assumir a missão da Igreja no mundo contemporâneo (pilar da caridade)
  • Desenvolver pistas de ação missionária para dinamizar a pastoral  (pilar da missão)


“Com esta formação, que está em completa consonância com a proposta das DGAE-CNBB, a Arquidiocese de Porto Alegre mostra-se sensível aos apelos do Magistério da Igreja, especialmente do Papa Francisco”, afirmou o padre Rafael. “O curso visa dar uma resposta ao desafio de viver e cultivar a fé católica nesta realidade urbana complexa e plural na qual estamos inseridos”. 

O processo formativo revisitará as Constituições do Concílio Vaticano II (Lumen gentium, Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium e Gaiudium et Spes), o Documento de Aparecida, a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium e as DGAE – CNBB 2019-2023.

Mais informações, como programação e calendário completos, serão divulgadas em breve. Sugestões devem ser encaminhadas ao e-mail iflach11@gmail.com até dia 15/12/2021.



Autor:
Juliano Rigatti (Ascom)

Fonte:
Ascom

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