30/10/2024
O Seminário Menor São José, em Gravataí, acolheu nesta quarta-feira (30), a Assembleia do Clero da Arquidiocese de Porto Alegre, ocasião em que os presbíteros diocesanos e religiosos discutiram diferentes temas relacionados à vida da Igreja Católica. O encontro também marcou o primeiro evento com a presença do arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, após sua nomeação como cardeal pelo Papa Francisco, no último dia 6 de outubro.
Na abertura do encontro, Dom Jaime Spengler abordou a temática do Sínodo dos Bispos, concluído no último dia 26. “O que parecia ser motivo de divisão se tornou uma expressão de comunhão. Trata-se de um documento que responde aos desafios atuais da Igreja. O sínodo começa agora.”
Dom Jaime trouxe alguns pontos para o presbitério da Arquidiocese de Porto Alegre. “Alguns pontos valem ser destacados. Foram debatidos o tema das mulheres na Igreja. Para nós aqui na Igreja na América Latina isso é o pão de cada dia. A segunda questão foi a questão das conferências episcopais, reforçando sua dignidade e tradição dentro da Igreja. O terceiro ponto é a descentralização da Igreja, que não é mais apenas Roma. A Igreja está presente em todos continentes. Como responder a isso? Qual o lugar das instâncias de mediação das conferências, províncias eclesiásticas. Como promover essa descentralização é o trabalho daqui para frente”, acrescentou Dom Jaime Spengler.
Jubileu da Esperança
Outro ponto abordado na Assembleia foi o Jubileu da Esperança, que será realizado em 2025. O Frei Luís Carlos Susin partilhou sobre a temática da Esperança e o Pe. Eduardo Moesch refletiu sobre o tema das Indulgências na Igreja.
Sobre a Esperança, disse Frei Susin. “A decepção faz parte da caminhada para se chegar a uma esperança madura. Não é possível atingir uma esperança sem tratar de frente o desespero.”
Frei Susin seguiu sobre o tema da esperança. “Ao descer até o fundo do poço, precisamos nutrir uma esperança que crê apesar do desespero - uma esperança mesmo qualquer sinal externo aparente. A pergunta que fica é se isso é humanamente possível? Precisar de um sinal é algo muito humano. A esperança não anda sozinha. Caminha junto com suas duas irmãs - a fé e a caridade. Deus colocou sua esperança, que é a mais alta de todas, nas mãos do ser humano. A esperança é um dom, uma graça. Não é um ato de vontade, uma decisão voluntarista. Nasce dos sinais que chegam de Deus em nosso socorro. Nasce fora de nós.”
Frei Luís Carlos Susin concluiu dando um exemplo sobre o que de fato é a esperança. “A esperança não é uma espera passiva ou uma vigilância vazia. Ela é vigilante uns pelos outros. Gosto de comparar com uma mãe que não dorme quando o seu filho está doente. Não nos lançamos para o futuro sem abrir mão das responsabilidades do tempo presente.”
Indulgência
Pe. Eduardo Moesch tratou o tema das indulgências. “A indulgência não é uma doutrina de salvação. Ela tem ligação com as penas temporais. Não se reza pela salvação das almas do purgatório, mas pela sua purificação. A Comunhão dos Santos trata do corpo de Cristo. Quem faz parte deste corpo? Nós que estamos caminhando, as almas do purgatório e os que já estão na pátria celeste. Outro fundamento na prática das indulgências é o tesouro da Igreja. A indulgência divina é dom de Deus pela Igreja. Recordar que a indulgência não é perdão da culpa, mas remissão das penas temporais. A doutrina não dispensa jamais o sacramento da Reconciliação.”
Um dos pontos mais importantes tratados na Assembleia do Clero foi o Diretório dos Presbíteros. “Estas orientações são necessárias. Os tempos mudaram. Chegaram novos presbíteros. Muitas iniciativas nasceram na Arquidiocese, recordamos o Lar Sacerdotal, a Associação Fraterno Auxílio, que talvez tenham sido pioneiros no Brasil e que são aplicados em outras dioceses”.
Durante a Assembleia do Clero, o tema da Gestão Administrativa foi tratado em conjunto com os sacerdotes presentes. Dom Jaime Spengler tratou a necessidade de valorizar o Sacramento da Reconciliação nas comunidades paroquiais. “Temos um desafio de diálogo com a cultura contemporânea. Requer criatividade, abertura de mente e coração. Não se trata simplesmente de fazer aquilo que sempre fizemos. Ainda não sabemos bem como proceder. As instâncias da Arquidiocese auxiliam neste âmbito.”
Testemunhos da vocação sacerdotal
Dois padres da Arquidiocese de Porto Alegre foram convocados para testemunhar sobre o seu ministério para os colegas do clero. O Pe. Ademar Agostinho Sauthier, que no dia 20 de dezembro celebra os seus 60 anos de ordenação. “Para mim ser presbítero é preparar a ressurreição”, disse Pe. Sauthier, atual vigário paroquial da Catedral Metropolitana Mãe de Deus.
Padre Adilson Kunzler, que neste ano de 2024 celebra os 48 anos de ordenação, recordou que desde criança que queria ser padre. Natural de Novo Hamburgo, recordou todas as dificuldades pelas quais passou até o dia de sua ordenação. O sacerdote, pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Sapucaia do Sul, destacou que o trabalho junto aos pobres foi fundamental para o seu ministério.
Após os testemunhos, os padres foram convidados para a celebração da primeira missa de Dom Jaime Spengler na Arquidiocese após o Consistório em que será criado cardeal, no dia 8 de dezembro, no Vaticano. A Missa em Porto Alegre será no dia 17 de dezembro, às 10h, na Catedral Metropolitana.
O padre Agostinho Sauthier convidou para celebração dos seus 60 anos de ordenação no dia 20 de dezembro. Já o Pe. Geraldo Hackmann celebra os 50 anos de ministério no dia 30 de novembro.