Conheça a vivência da Fé no município de Minas do Leão

01/09/2023

Conheça a vivência da Fé no município de Minas do Leão

A Arquidiocese de Porto Alegre é composta por 29 municípios, que estão divididos em quatro vicariatos. O Censo 2022 divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou dados importantes sobre a população gaúcha. Até o último levantamento, o menor município dentro da Arquidiocese era Arambaré, na Costa Doce. Contudo, a cidade foi uma das poucas que apresentou crescimento populacional e deixou para Mariana Pimentel a condição cidade menos populosa no território arquidiocesano. No caminho da BR-290, na Região Carbonífera, está Minas do Leão, última cidade à Oeste no território da Arquidiocese. Para conhecer a vivência da fé no município, entrevistamos o pároco da paróquia Nossa Senhora Aparecida, padre Neimar da Rosa.

 

Distante 93 quilômetros de Porto Alegre, Minas do Leão tem uma população de 7.505 habitantes sendo a oitava cidade menos populosa. O seu território é de 424 km². Padre Neimar foi ordenado no ano de 2020 e foi transferido para Minas do Leão como sua primeira nomeação. “O Arcebispo me chamou para conversar quinze dias antes de minha ordenação. Cheguei na paróquia em plena pandemia da covid-19”, lembra o sacerdote.

 

Sob sua responsabilidade está a matriz Nossa Senhora Aparecida mais quatro capelas e seis locais de celebração - casas, escola, associação de moradores. Padre Neimar conta alguns dos desafios desta realidade. “É desafiante também atender comunidades muito distantes da sede da paróquia. São quatro comunidades (mais ou menos 40 quilômetros de distância). Não dou conta de fazer visitas e acompanhar mais de perto as famílias. A missa acontece uma vez por mês. E territorialmente pertencem a outros municípios. Quase sempre preciso levar o carro para consertar depois da visita nestas capelas pois as estradas são péssimas.”

 

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida conta com a presença dos movimentos Apostolado da Oração, Cursilho, ONDA (Objetivo Novo de Apostolado) e retomando o Curso de Liderança Juvenil (CLJ). São cinco equipes de Liturgia e 12 ministros extraordinários da Sagrada Comunhão e 125 dizimistas cadastrados.

 

Como está a presença de crianças e jovens na comunidade?

 

Padre Neimar – Temos o ONDA, CLJ, IVC e os Coroinhas. No Onda um total de 12 crianças, todas na catequese; O CLJ está retomando as atividades depois de oito anos; temos no IVC 70 crianças e adolescentes e um total de 15 Coroinhas. Eles são o presente, pensando no futuro da paróquia.

 

Qual vantagem ou vantagens de trabalhar em um município como Minas do Leão?

 

Padre Neimar - A vantagem é que o povo é muito acolhedor. Quando se promove eventos e festas, ganha-se quase tudo. Temos uma boa equipe de festeiros. Os passos são curtos, contudo, progressivos. Há esperança. Aos poucos criando consciência comunitária, de pertença.

 

Como tem sido para você a experiência de residir em Minas do Leão? Não apenas em relação aos paroquianos, mas com toda cidade, prefeito, vereador, secretários. 

 

Padre Neimar - Tento me relacionar bem com todos. Como mencionado, são muito acolhedores. A prefeita é paroquiana e dizimista, tem um bom diálogo. Procuro estar a tento, sem me meter, para não ser sinal de mais divisão. Sempre que preciso fui atendido.

 

Para o seu ministério, como trabalhar em uma cidade pequena colaborou no seu sacerdócio?

 

Padre Neimar - O que me ajuda é recordar minhas raízes, minha história, minha comunidade de origem, as experiências pastorais que fiz na catequese, juventude. Pensa-se que sendo um padre “novo”, não tem experiência, não saberia lidar com as pessoas. Muda-se o endereço, em maior ou menor escala os problemas são os mesmos.  Acolhendo e entendendo a história da paróquia, deste povo, confrontando com a minha história, dou-me conta que devemos trabalhar juntos, cada um vivendo o seu Batismo. E o mais importante não é fazer coisas, mas saber que os projetos pastorais e administrativos na paróquia são frutos de muita oração e unidade.

 

Como pároco, qual o principal ou principais desafios de trabalhar em uma cidade pequena?

 

Padre Neimar - O principal desafio é “curar” feridas antigas nos movimentos e grupos. A pandemia da covid-19 colaborou no esvaziamento, que já existia. Alguns leigos sobrecarregados de atividades, mas são os que posso contar. Faz falta alguma pastoral ou atividade nos bairros periferia, como para dependentes químicos, pastoral social, pastoral da criança.  Há muito trabalho. É uma realidade muito sofrida, a maioria da população é de ex-trabalhadores na mineração de carvão. Ganhava-se tudo da mineradora, então se criou pessoas dependentes de tudo do poder público, inclusive da Igreja. Claro que tem pessoas que é possível contar na pastoral e nas mais diversas atividades. As feridas do passado impedem um maior comprometimento. Temos uma “comunidade envelhecida”. A distância da sede do vicariato e da arquidiocese dificulta um pouco a participação dos leigos nas reuniões e encontros.

 



Autor:
Marcos Koboldt

Tags: