CONIC RS e CNBB Sul 3 lançam Campanha da Fraternidade Ecumênica

17/02/2021

O Conselho de Igrejas Cristãs do Rio Grande do Sul e o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realizaram nesta Quarta-Feira de Cinzas (17), a abertura da quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Em 2021, o tema da Campanha é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14. O lançamento da CFE no Rio Grande do Sul aconteceu por meio de uma coletiva de imprensa virtual, coordenada pelo pastor Adelcio Kronbauer, presidente do Conic-RS e pela secretária Executiva da CNBB Sul 3, Sandra Zambon. Como convidados para o momento participaram Dom José Gislon, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Rio Grande do Sul; Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB; o pastor Sinodal Gilciney Tetzner, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil; e a bispa Meriglei Borges Simim, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Diocese de Pelotas.

Para apresentar o objetivo da Campanha da Fraternidade - convidar comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual – o momento iniciou com a apresentação do presidente da CNBB Sul 3, Dom José Gislon. Na ocasião, Dom José alertou para a realidade de pandemia que estamos vivendo e reforçou que o “distanciamento social rompeu a convivência social, espiritual, familiar e comunitária”.

“Em nosso país vemos crescer o ódio em detrimento da busca e do fortalecimento de uma convivência pacífica e fraterna, que nos une como irmãos e irmãs residentes na casa comum. A Campanha da Fraternidade Ecumênica é uma oportunidade que o Espírito Santo nos oferece para peregrinarmos para dentro do nosso coração e nos colocarmos em diálogo com o Cristo Jesus. [...] O diálogo com Cristo abre o nosso coração para acolher quem não conhecemos”, destacou Dom Gislon.

Dom José finalizou reforçando ainda que “Ao invés de gastarmos energia para erguermos muros para proteger o individualismo, o egoísmo e a indiferença que nos corroem, precisamos nos abrir ao diálogo para podermos compreender a dor que atinge e aflige também quem está ao nosso lado”.

Em seguida, o pastor Sinodal Gilciney Tetzner, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, lembrou que a CFE tem uma marca muito valiosa: “É uma campanha que nos convida a refletirmos e tenta nos sensibilizar para temas que fazem parte da realidade do povo brasileiro” e, continua, “a realidade do povo brasileiro em 2021 é muito difícil, pela pandemia, mas também pela forma que estamos tentando dialogar, insistindo na polarização ao invés do diálogo”. O pastor finalizou realçando que “o compromisso de amor é capaz de construir coisas novas através do diálogo.”

Também participou do encontro a bispa Meriglei Simim, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, na Diocese de Pelotas. Durante sua exposição, Meriglei reforçou que o diálogo é o melhor testemunho, porque é através dele que “afirmamos a fraternidade e o compromisso de amor, a exemplo de Cristo que fez uma unidade daquilo que era totalmente dividido”. Lembrando os índices da violência no Brasil – mais de 60 mil pessoas assassinadas em média por ano -, ela reforçou a necessidade de que juntas e juntos, possamos transformar o ódio em amor.

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e vice-presidente da CNBB, finalizou a fala dos convidados lembrando as cinzas da celebração desta Quarta-feira – que nos apontam a finitude do ser humano – e as práticas quaresmais do jejum, da oração e da esmola. “Numa sociedade em que se verifica a deterioração da ética e a exacerbação do individualismo, se impõe a necessidade de espaços de autêntico diálogo para resgatar a importância de Deus no convívio social e da nobreza de cada ser humano” concluiu Dom Jaime.

Também participou da coletiva a pastora Cibele Kuss, secretária Executiva da Fundação Luterana de Diaconia, e os membros da Coordenação do Conselho Regional de Igrejas Cristãs.

A Campanha será realizada em todo o Brasil pelas Igrejas integrantes do CONIC, nas comunidades, paróquias, dioceses, escolas, universidades, grupos e congregações. 

Confira abaixo a coletiva completa:


Papa Francisco envia mensagem aos brasileiros

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos brasileiros por ocasião do início da Quaresma e da abertura da Campanha da Fraternidade (CFE) 2021, nesta Quarta-Feira de Cinzas (17). Em 2021, o tema proposto é “Fraternidade e diálogo: Compromisso de Amor” e o lema “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a). A mensagem do Santo Padre aos brasileiros foi apresentada na solenidade de abertura virtual de abertura da CFE, lida na voz do jornalista do VaticanNews, Silvonei Protz. No texto, o Santo Padre afirma que a Quaresma convida a todos para um  um tempo de intensa reflexão e revisão de vida. “O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia”, diz a mensagem.

Na mensagem, o Papa lembra que é tradição há várias décadas a promoção da Campanha da Fraternidade pela Igreja no Brasil. Ele define a campanha como “um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa”. No documento, o Papa afirma que, neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a “sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo”.

Confira a íntegra do documento abaixo:

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade.

Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, “passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta” (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a “sentar-se a escutar o outro” e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo”. De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro” (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, “é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que “devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos”, no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente “abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus” (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis.

Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021
Francisco
 



Outros Materiais da CF 2021

Clique aqui e assista ao Hino da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. E nestes dois próximos links é possível assistar às homilias de Dom Joaquim Mol e Dom João Justino.
 



Fonte:
Comunicação Regional Sul 3 da CNBB

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