04/04/2022
Por dois anos consecutivos os cristãos da Terra Santa celebraram a Páscoa e o Natal numa espécie de isolamento, sem o calor e a amizade solidária dos peregrinos que visitam os Lugares Santos e as comunidades locais nestas datas. As famílias sofreram outras medidas pela falta de trabalho mais que pelos efeitos imediatos da Pandemia.
É por expresso desejo do Santo Padre que se iniciou e se continua a celebrar a “Coleta Pro Terra Santa”, normalmente colocada no dia da Paixão salvífica do Senhor, a Sexta-feira Santa: não é nada de antigo ou ultrapassado, porque essa exprime antes demais nada a consciência das nossas raízes que se encontram no anúncio da redenção que se difundiu a partir de Jerusalém e chegou a todos nós.
O gesto da oferta, mesmo pequena, mas da parte de todos, como o óbolo da viúva, consente aos nossos irmãos e irmãs de continuar a viver e a esperar, a oferecer um testemunho vivente do Verbo feito carne nos Lugares e pelas estradas que viram a Sua presença. Se perdemos as nossas raízes, como poderemos ser, onde quer que nos encontremos no mundo, uma árvore que cresce e leva frutos de amor, caridade e partilha?
Olhando portanto para Cristo que tocou até ao fundo a nossa realidade humana, deixando-nos inspirar pelos gestos de proximidade realizados pelo Papa Francisco nas suas Viagens Apostólicas e acolhendo o seu convite para sermos solidários com os irmãos e as irmãs da Terra Santa, damos novo vigor e nova força à prática da Coleta da Terra Santa: em Jerusalém, Belém, Nazaré e em muitos outros santuários e mosteiros cada dia se celebra e se reza pela Igreja em todo o mundo, e nós somos convidados a recordarmos com o coração e com um pequeno gesto, todos aqueles que pronunciam o nosso nome diante do Senhor, agradecendo a nossa generosidade.
O Papa Francisco ao longo do ano 2021 viveu duas peregrinações de esperança entre as comunidades cristãs do Médio Oriente e da Terra Santa: esperando contra toda a esperança, enquanto o mundo estava sob as restrições da Pandemia, quis alcançar alguns entre os mais sós e sofredores: os nossos irmãos e irmãs do Iraque, terra de Abraão, terra do exílio, terra que soube conservar o nome de Cristo, apesar da violência da guerra e das perseguições.
Também em Chipre e depois na Grécia, terras da pregação apostólica, o Papa se confrontou com o sofrimento da divisão: de uma terra, dos povos, dos próprios crentes em Cristo, que ainda não podem sentar-se à mesma mesa da Eucaristia, daqueles que chegaram numerosos procurando refúgio e acolhimento.
Perante estes gestos do Santo Padre que testemunham o desejo de proximidade, de encontro, de trazer ao menos um pouco de alívio como se fosse a carícia do Nazareno, devemos ter a coragem – como indivíduos e comunidades cristãs – de nos interrogarmos: que coisa vejo, de que coisa me apercebo? Qual é o alcance do meu olhar? Na Páscoa para a qual nos conduz o caminho quaresmal, deixarei que o Senhor possa visitar as minhas e as nossas solidões? E ao Amor que virá a visitar-me saberei responder com o amor? O amor não se paga se não com amor.
A coleta é realizada em todas as igrejas do mundo e os valores são destinados para a Terra Santa, 90%, e 10% à Santa Sé, para as Congregações do Oriente.
Foto cathopic.com