Missa em memória às vítimas da Pandemia é celebrada na Catedral Metropolitana

31/05/2022

Missa em memória às vítimas da Pandemia é celebrada na Catedral Metropolitana

Uma missa em memória dos falecidos durante a pandemia e das vítimas da Covid-19 foi realizada no domingo (29), na Catedral Metropolitana Madre de Deus, dia em que a igreja no Brasil celebra a Ascensão do Senhor. A Eucaristia foi presidida pelo Arcebispo  Dom Jaime Spengler e concelebrada pelo Pe. Carlos José Monteiro Steffen – assistente eclesiástico da Irmandade do Arcanjo São Miguel e Almas (ISMA).

 

O momento foi uma solicitação de Dom Jaime Spengler que teve o apoio da Irmandade que buscou homenagear, confortar e manter viva a presença de todos os entes queridos, também de agradecer a todos os profissionais da saúde e os cientistas que se empenharam no enfrentamento da Pandemia.

 

Homília de Dom Jaime Spengler

 

Após os fatos da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, os discípulos são exortados a resgatar tudo o que “Jesus fez e ensinou, desde o começo, até o dia em que foi levado para o céu”. Tudo isso está contido no Evangelho. Aquela vida que terminou na cruz, por meio da qual pagou o custo do que fez e ensinou, é luz! A cruz não tem a última palavra! Jesus é o Vivente, ressuscitou; por meio do que fez e ensinou, Ele venceu a morte.

 

“Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu”. O seu afastamento não é um ir longe, mas um elevar-se a partir de onde pode abrir em si todo o horizonte. Junto ao coração do Pai, Jesus está próximo a todo irmão, para que possa cumprir o seu mesmo caminho.

 

Como discípulos somos chamados a dar continuidade ao que Jesus fez e ensinou. Ele é para nós “bom mestre” (Lc 18,18). Aquilo que Ele iniciou a fazer e a ensinar, nós somos chamados a dar continuidade. Ele é o princípio do nosso fazer e do nosso ensinar. Na medida em que atuamos e propomos, nos tornamos também testemunhas.

 

Antes da Ascensão o Senhor está “no meio de nós”, agora Ele “é em nós” (cf. Lc 17,21). Na força de seu Espírito, somos filhos, enviados, como Ele, a testemunhar aos irmãos o amor do Pai por todos os homens, ninguém excluído, até os extremos confins da terra.

 

A morte não tem a última palavra. O amor é mais forte que a morte! Tal convicção nos oferece luz para suportar, superar e rezar o que se sucedeu entre nós a partir de março de 2020, pois “não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração dos discípulos de Cristo” (GS, § 1). Uma tragédia sanitária ceifou a vida de mais de 650 mil brasileiros – e continua ceifando!

 

Quanta dor e morte! Quanta solidariedade! A incerteza assumiu um lugar importante! Os cientistas não possuíam todos os elementos necessários para reagir à pandemia. Fomos forçados a caminhar tateando para nos proteger, proteger as pessoas próximas, sobretudo os mais idosos e pessoas marcadas por comorbidades contra um vírus que em muitas situações e mostrou fatal. A incompetência de alguns buscando, a partir da dor de tantos, tirar vantagens políticas e econômicas, é algo que grita aos céus por justiça.

 

Ficou mais uma vez claro que tudo está conectado, relacionado, interligado, exigindo de todos o desenvolvimento da obra do cuidado. Não se podem desconsiderar as relações existentes entre ciência, inteligência e fé. Diante de tantos doentes e mortos, diante do medo que se impôs estamos descobrindo a necessidade sempre presente da precaução, do cuidado, e de regras claras.

 

Não podemos ficar olhando para o céu; urge tomar consciência do acontecido e buscar cumprir a missão que nos compete como batizados: anunciar a necessidade de conversão e perdão para que o cuidado com a vida de todo ser humano ocupe sempre o primeiro lugar, em todas as dimensões da comunidade e da sociedade.

 

Neste dia em que celebramos a ascensão do Senhor, quando fazemos memória de tantos irmãos e irmãs vítimas de um vírus agressivo, queremos ainda uma vez reconhecer a dedicação e o empenho de cientistas, profissionais da saúde, o sistema SUS, educadores, famílias que não mediram – e não medem – esforços a fim de que todos possam ter vida e vida em abundância.

 

Mais uma vez, somos desafiados “inclinar o ouvido do coração” para compreender o processo histórico que estamos vivendo. Ao mesmo tempo, somos instigados a interrogar qual seria o nosso lugar na ordem da criação, a nossa origem, missão e destino.

 

Que o Senhor nos conceda um espírito de sabedoria, que nos revele sempre mais quem é Jesus e conhecendo-o sejamos suas testemunhas em todo e qualquer lugar, até os confins da terra.  



Autor:
Ascom

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