"Nós somos testemunhas da esperança"; assista à Mensagem de Natal do arcebispo Dom Jaime Spengler

22/12/2020

“O Natal reacende em nós sentimentos de familiaridade, ternura e esperança, marcados pela pandemia que rompeu entre nós [...] somos chamados a nos colocar em uma relação saudável e construtiva com o tempo presente, cuidando uns dos outros, sem esquecer que o mundo já foi salvo por Jesus”.

Nesta semana do nascimento do menino Jesus, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, envia a sua mensagem de Natal a todas e todos. Assista à mensagem.



Leia também o artigo, abaixo, publicado semanalmente na coluna “Olhar da Fé”, espaço exclusivo e online do Jornal do Comércio e que também trata do Natal 2020 e dos seus desafios diante da pandemia.

Natal

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

"O Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14): modo simples e ao mesmo tempo paradoxal de apresentar a inescrutável união entre Deus e o homem. O Altíssimo assume a forma pobre, de uma criança inofensiva, indefesa e frágil, da qual todos podem aproximar-se sem temor.

O Deus que se revela em Jesus Cristo, é um Deus pobre, humilde, despojado, mendicante de tudo, sobretudo de amor e de acolhimento.

Deus se fez pobre em Belém. Encontra-O quem entra no caminho do despojamento radical e da liberdade, no qual Ele possa nascer de novo. Desde aquele primeiro Natal, Deus está sempre à procura de um seio acolhedor. É sempre um nascituro à procura de uma mãe de carne, de uma criatura sobre a qual possa enviar o seu Espírito para, ainda uma vez, poder nascer no mundo.

Desde aquele primeiro Natal Deus não se afastou mais da humanidade. É o ser humano que frequentemente tenta fugir, lançando-se à procura de uma imagem falsa, distante, ou em oposição com aquela desejada por Ele, terminando assim por sentir-se inquieto e prisioneiro de si mesmo.

O Natal lembra ao ser humano de todos os tempos o fim daquela fuga assustadora e dispersiva, longe de si mesmo e de Deus, que sempre o procura e o espera. Cada Natal é, e deverá ser sempre, uma etapa do itinerário que convida e reconduz o ser humano para aquele ardente encontro, no qual lhe é mostrado quem é e quem deve ser.

O Natal 2020 traz as marcas de uma terrível pandemia que não faz distinção de pessoas. Estamos sendo recordados da nossa fragilidade, da necessidade de cuidar da casa comum, de que somos todos irmãos e irmãs, e de que tudo está interligado.

As luzes que decoram as celebrações natalinas indicam a necessidade de iluminar mentes e corações, pois Natal é "conceber" a Palavra, realmente presente entre nós, para que novamente se torne visível e digna de crédito. A nossa vida é uma chamada para este "parto" de Deus em nós e no meio dos outros.

É Natal! Celebramos verdadeiramente o Natal, quando deixamos transparecer em nós a presença do Senhor.

Se por um lado o Natal 2020 traz as marcas da presença de um vírus ágil e perigoso, por outro lado representa um apelo para que nossas ações se tornem sinais ainda mais evidentes de uma experiência de fé, de uma relação íntima e profunda com o Mistério de Deus.



Autor:
Patricia Damaceno (ASCOM)

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