“O medo era que fosse uma catequese tradicional”: o testemunho da paróquia Menino Deus com suas Comunidades

17/11/2021

Foi a confiança na providência divina que fez Maurício Moreira e Silva Bernardes, 50 anos, ministro da Eucaristia na paróquia Menino Deus, em Porto Alegre, aceitar a missão de conduzir as primeiras Comunidades Eclesiais Missionárias, a convite do pároco, o padre Roque Antônio Soares Machado. Maurício, no entanto, não se cansa de atribuir o sucesso do trabalho aos também animadores, o casal Francisco Faganello Millani e Eleonor Garlet Millani, Viviane Maciel Gonçalves, Joseane Maria Becker, Tércio Troian da Silva e Lucas Cassiano. 



A quantidade de nomes citados até aqui não é por acaso. Ela indica a numerosa adesão e a perseverança das três comunidades existentes na paróquia, todas batizadas com o nome de um santo: São Justino, São Dimas e São João Maria Vianney. “Depois da Formação Discipular, em 2019, fizemos apenas um encontro e já tivemos que suspender o trabalho em março de 2020 em função da pandemia”, lembra Maurício. “Cerca de três meses depois, um casal sugeriu que retomássemos de forma on-line. Éramos 9 ou 10 pessoas. Hoje, a São Justino tem 22 componentes.” 

No centro do processo, a atenção às diferentes realidades

E nem é necessário que as comunidades sejam tão numerosas para nascerem. “O importante é que seja possível criar intimidade entre seus membros. Além disso, precisam estar articuladas entre elas, organizadas em rede e vinculadas à paróquia”, explica o padre Marcus Barbosa Guimarães, subsecretário adjunto de pastoral da CNBB, e responsável pela assessoria da primeira etapa da Assembleia do Clero e de Pastoral, realizada pela Arquidiocese de Porto Alegre em 4 de novembro deste ano. “Uma característica muito importante das Comunidades é que elas sejam muito atentas às realidades locais e diversificadas, a ponto de atender às diferentes necessidades.”

Na paróquia Menino Deus, as Comunidades foram sendo criadas de modo a se adaptar às impossibilidades de horários -- objeções comuns em tempos de agendas tão cheias. Lucas Cassiano será crismado neste mês de dezembro, e seu processo de iniciação só foi possível graças à Comunidade São Dimas, que encontrou no horário do meio-dia uma alternativa para que o crismando participasse. “O testemunho de pessoas comuns que formam a comunidade estimula nossa jornada. Quem busca viver a fé encontra caminhos tortuosos, e a Comunidade me ajudou a perseverar”, testemunha Lucas, que valoriza muito a formação do católico. “Precisamos conhecer a fé que professamos. Muitos de nós têm a fé porque foi transmitida pelos pais, mas não tem sua própria experiência. O que é a Eucaristia? O que é a ressurreição? Por que se confessar?”, exemplifica. “Eu vejo o Crisma como uma grande responsabilidade. A quem muito foi dado, muito será cobrado. Oficialmente, serei um ‘soldado de Cristo’”.

Aposta do clero e confiança dos leigos no novo

Como todo novo trabalho, começar sempre traz insegurança. As Comunidades Eclesiais Missionárias são a única prioridade das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE), vigentes no período de 2019 a 2023, e é preciso abertura de coração para esta fecunda novidade. “Tínhamos medo que fosse apenas uma catequese tradicional. Ao longo da caminhada, a verdade vai sendo ampliada e isso é muito bonito”, conta Maurício. “No início, claro que havia dúvida de como seria porque era tudo muito novo. Apenas tivemos fé e a providência divina foi colocando pessoas ao nosso lado. E os grupos seguem crescendo. Não é algo que vem dependendo apenas de nós, mas é Deus nos utilizando como instrumento”.

Para o padre Roque, pároco da igreja Menino Deus, em primeiro lugar, as Comunidades proporcionam uma maior compreensão do que é a igreja, da vivência sacramental e oportunizam uma profunda vivência da fé junto de outras pessoas. “Estou apostando muito. Além do aprofundamento na fé, muitos começaram a se aproximar em busca de uma ligação maior com a igreja. Alguns  não tinham os sacramentos da Iniciação à Vida Cristã. As Comunidades já prepararam pessoas para a Eucaristia, Crisma e até para o Matrimônio”.

Os interessados em formar uma Comunidade Eclesial Missionária, devem procurar seu pároco para orientações. Para mais informações sobre características e possíveis desafios do processo, acesse as últimas matérias sobre o tema:

“Precisamos alcançar a todos!”: nova proposta entusiasma leigos na primeira etapa da Assembleia Arquidiocesana
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“um divisor de águas em minha vida de cristã”: a criação de comunidades na paróquia nossa senhora da paz
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Comunidades Eclesiais Missionárias: a experiência da paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Guajuviras, em Canoas
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Autor:
Juliano Rigatti (Ascom)

Fonte:
Ascom

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