13/01/2022
A Ascom entrevistou o pe. Tiago Ávila Camargo que, no próximo dia 24 de janeiro, está indo em missão para a Diocese de Xingu-Altamira no Estado do Pará. A diocese é Igreja-Irmã da Arquidiocese de Porto Alegre em projeto que se iniciou na década de 1970. Acompanha o padre Tiago na missão o seminarista Darlan Schwaab, que neste mês de janeiro concluiu a graduação em Teologia pela PUCRS.
Padre Tiago Camargo, o trabalho missionário exige desacomodar-se, sair da sua terra, qual é sua motivação em aceitar esta tarefa?
Certamente quando se fala em missão se associa à atitude de desacomodar-se, sair de si e desafiar-se. Isso é verdade, mas não somente quando saímos da nossa terra, cultura e costumes. Isso é uma exigência para todos aqueles que se dispõe a servir a Deus nas coisas simples do cotidiano, nas pessoas que vivem e convivem conosco. Pois quando abrimos mão em satisfazer somente a própria vontade descobrimos as novidades que Deus pensou, desejou e concedeu a nós, dando ainda mais sentido e satisfação para a vida como um todo, na fé, nas relações, nas oportunidades diárias. Antes de aceitar a tarefa missionária existe a compreensão da existência de um chamado que Deus faz durante a nossa caminhada. Daí que, aceitar essa tarefa que exige sair de si, exige desacomodar-se, exige abrir-se ao novo e ao desconhecido. É uma resposta que damos ao Senhor. Ele se serve das demandas e urgências da ação evangelizadora da Igreja para nos recordar que “Tu és meu! Eu te chamei, te consagrei e eu que te envio!”. Aí está a minha motivação: responder ao chamado do Senhor com generosidade, alegria e gratidão por ter me olhado com misericórdia. E assim como Jesus não foi acomodado na sua divindade e veio ao nosso encontro com a sua encarnação, quero também buscar ser como Ele indo ao encontro dos meus irmãos.
O que espera encontrar e que marcas pretende deixar como legado neste intento?
Estou indo para a diocese de Xingu-Altamira para servir o Povo de Deus que espero encontrar lá. Quero me unir àqueles que lá vivem à luz da Palavra de Deus, que buscam viver os ensinamentos do Evangelho de Jesus, que desejam celebrar os Sacramentos da nossa fé em Comunidade e que estão comprometidos em serem, naquela realidade, autênticos sujeitos de transformação, servindo de testemunho a todos. Buscando ser um bom padre, desejo ser um homem de Deus com eles e para eles, sendo sinal do amor e da misericórdia de Deus que acolhe e faz caminho, faz história com seus filhos e filhas sem os abandonar. Penso que esse é um bom legado deixado por todos os missionários: o testemunho e o anúncio do amor de Deus-Trindade que nos salva e nos conduz com fidelidade pelas estradas da vida, mesmo em meio às adversidades.
O senhor é um presbítero ordenado há quase 5 anos, o que o senhor espera levar de "bagagem" ao povo?
Como os apóstolos, ouro e prata eu também não tenho, mas o que tenho é o que posso e desejo oferecer: a experiência do encontro com Jesus que transformou minha vida e que pode transformar a vida de muitos homens e mulheres ainda hoje. Quero poder ser instrumento da graça de Deus na vida daquelas e daqueles que encontrar pelos caminhos, pelos rios, pelas comunidades da Amazônia, como busquei ser nas paróquias por onde passei na nossa Arquidiocese.
O que o senhor já conhece da realidade de onde irá trabalhar neste tempo programado? E quanto tempo?
O que conheço da realidade da Diocese de Xingu-Altamira são somente os relatos, as partilhas, algumas fotos dos missionários e das comunidades de lá através das redes sociais. No último dia 11 de janeiro recebi a nomeação para servir na Paróquia São Braz, na cidade de Porto de Moz. Por isso tenho buscado obter mais informações sobre aquela região, mas sei que a realidade se descobre estando e vivendo lá. Conhecer a realidade geográfica, social, cultural e especialmente religiosa exige tempo, além de adaptação aquilo que nos for confiado. A provisão que recebi de Dom Jaime é para o período dos próximos três anos, tempo normalmente concedido para quem parte para o trabalho missionário ad gentes, tanto na Amazônia como na África.
E que mensagem pode deixar a futuros missionários, pois o senhor já teve esta experiência como seminarista?
Não tenham medo! É o Senhor que nos chama e envia. As experiências missionárias que participei enquanto seminarista certamente me ajudaram muito a discernir o chamado que me impulsionou a me dispor a este tipo de missão, além dos limites da nossa Arquidiocese. Foram oportunidades para romper com preconceitos em torno da região amazônica e para conhecer o modo de viver e professar a fé das pessoas que vivem por lá. Mas é com base na confiança que temos Naquele de quem já ouvimos o “Vem e segue-me” que damos o passo para ir mais além, para “águas mais profundas “.
E que palavras o senhor dedica à paróquia Nossa Senhora Aparecida de Sapucaia do Sul e outras comunidades que já passou e o povo da Arquidiocese?
Além da gratidão que brota no coração ao contemplar os passos que pudemos dar juntos, há o desejo de que sejam comunidades unidas, solidárias, alegres, que correspondam cada vez mais ao chamado de Jesus de serem seus Discípulos Missionários onde estiverem, com quem estiverem, dando testemunho da fé, de esperança e caridade.