29/05/2024
“Em menos de oito meses muitas famílias perderam tudo pela terceira vez”. A afirmação é do Pároco da paróquia Nossa Senhora Medianeira, em Eldorado do Sul, Pe. Fabiano Glaeser. Ele participou na manhã de terça-feira (28), na sede do Mensageiro da Caridade, em Porto Alegre, de reunião com os padres das paróquias que tiveram templos e demais dependências alagadas pela enchente. A realidade descrita pelo sacerdote demonstra a extensão da tragédia que afetou a mais de noventa por cento das residências do município na enchente deste mês de maio. O encontro serviu para escuta das realidades e mútuo apoio para o retorno e a retomadas das atividades paroquiais.
“Com tristeza, todo o dia recebo informação de que famílias inteiras, incluindo lideranças de nossa comunidade cristã, estão deixando Eldorado do Sul para residir em outras cidades”, afirmou Pe. Fabiano. Na Paróquia Nossa Senhora Medianeira cinco das seis igrejas foram alagadas, com perdas de material de som, livros litúrgicos, alfaias e mobiliário. “Perdemos os registros históricos da paróquia, equipamentos da secretaria, documentos da paróquia e materiais da casa paroquial.”
Situação semelhante aconteceu nas catorze comunidades da Paróquia São Pio X, no bairro Mathias Velho, em Canoas. Segundo o Vigário Paroquial, Frei Valdevino Salvador, OFMcap, todas as comunidades ficaram debaixo d’água. “As perdas ainda são incalculáveis porque só agora estamos começando em mutirão a limpeza dos espaços. Nada pode ser reaproveitado”.
Outra Paróquia que foi afetada foi a São Geraldo, em Porto Alegre. Segundo o Pároco, Pe. Carlos Feeburg, todas as salas de catequese, secretaria, espaço da caridade e ginásio de esportes foram alagados com perdas totais. “Na casa paroquial somente sobrou a mesa com as cadeiras. Por isso, vamos precisar do auxílio e da organização da comunidade para retomarmos as atividades”.
Durante a reunião, coordenada pelo Presidente do Mensageiro da Caridade, Pe. Flávio Steffen, foram encaminhadas uma série de medidas de apoio às paróquias, porque em todas elas a recuperação dos espaços de ajuda às famílias em situação de vulnerabilidade social é urgente. Foi constituído um comitê de emergência que vai se reunir.
O diretor executivo do Mensageiros da Caridade, Luís Carlos Campos, explica como a entidade está apoiando às comunidades atingidas. “Estamos servindo de ponto de apoio à Arquidiocese para o recebimento das doações que vem de todo o Brasil, tanto em nossa sede, como em pontos espalhados na região, os dois seminários (Viamão e Gravataí), o Instituto São Franscico, na Zona Norte, e o Santuário Santa Rita, na Zona Sul da capital. Realizamos uma triagem e conforme a necessidade encaminhamos para uma destas unidades para que fique mais próximo das comunidades que estão precisando das doações. Além disso, a equipe do Mensageiros está 100% focada no trabalho de atendimento emergencial, organizando os produtos recebidos. Nossas assistentes sociais também estão em contato com as paróquias verificando as necessidades do local. Os caminhões do Mensageiros são usados neste momento exclusivamente para o envio das doações.”
O trabalho do Mensageiros atinge cerca de 90 pontos para os quais são distribuídos os itens doados. “São as nossas paróquias, alojamentos emergenciais, locais que elaboram alimentos prontos além de entidades parceiras. Todas as doações são bem-vindas. Para quem quiser doar, as prioridades neste momento são alimentos, produtos de higiene e limpeza, produtos de higiene pessoal, colchões, cobertores e roupas de inverno”, acrescentou o diretor executivo da entidade.
Colaborou o jornalista Elton Bozzetto