29/10/2024
A Romaria das Capelinhas de Nossa Senhora realizou sua 30ª edição no sábado (26), em Guaíba. Neste ano, o evento teve como tema “Caminhando na Fé e na Esperança”. Na comemoração de três décadas, a esperança, tema do Ano Jubilar 2025, impulsiona na reconstrução das vidas e das histórias diante da imensa tragédia climática que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, em maio desse ano, afetando inúmeras famílias que, apesar das tempestades destruidoras, peregrinaram com a Virgem Maria. Nos últimos anos, a Romaria das Capelinhas é antecedida com a procissão noturna dos jovens, vindo da localidade de Bom Retiro, em Guaíba, culminando na tarde do dia 26.
Tudo começou em 1995, com o propósito de realizar uma celebração com as famílias que recebiam em suas casas as Capelinhas de Nossa Senhora. A primeira caminhada começou na comunidade São Francisco, passando pela Igreja Nossa Senhora de Fátima, na BR-116, e seguiu até a Paróquia Nossa Senhora do Livramento, no Centro de Guaíba, onde aconteceu a primeira missa da Romaria das Capelinhas. Em sua história, a Romaria reforçou os vínculos de espiritualidade e propôs atitudes de cuidado da vida. A Coordenadora da Romaria, irmã Nilva Dal Bello, afirma que a Romaria sempre foi uma resposta as dores do povo, pedindo atenção e exigindo ação das autoridades públicas para salvar vidas.
“Uma delas foi a construção do viaduto da BR 116, onde havia acontecido centenas de mortes. Muitas vezes rezamos neste lugar pedindo que Deus inspirasse as autoridades e cobramos atitude, até que o viaduto foi construído e muitas vidas foram salvas”, disse a religiosa da congregação das Irmãs de São José.
O Vigário Episcopal do Vicariato de Guaíba e coordenador de pastoral, Pe. Daniel José Alves da Silva, afirma que a Romaria das Capelinhas é um evento que nasceu do “desejo do povo em demostrar publicamente que crê na caminhada da vida e tem uma Mãe que acompanha, ensina e protege”. “Aos poucos a experiência de uma paróquia motivou a cidade de Guaíba e se espalhou por todo o Vicariato de Guaíba e começa a cativar outros pontos de nossa Arquidiocese, a qual tem a Mãe de Deus como patrona.”
Segundo Pe. José Sant’Ana Messa, sacerdote diocesano, a “Romaria das Capelinhas é um marco na história do município de Guaíba. Um marco na história do Vicariato de Guaíba”. O presbítero lembrou de sua participação na segunda Romaria, em 1996, em frente à igreja Nossa Senhora do Livramento. Depois no Ginásio do SESI, no Coelhão e, nos últimos anos, partindo em frente à Prefeitura. Ele guarda com carinho as inúmeras camisetas de anos diferentes, que foram expostas em destaque no lado do palco principal da 30ª Romaria.
“Entre todas as Romarias que participei a que jamais esquecerei foi a que em cima do trio elétrico ver milhares de pessoas com seus guarda-chuvas dando um colorido todo especial e dizendo a exemplo de Maria, faça chuva, sol, calor ou frio, quero dar meu Sim”, referendou o sacerdote que trabalhou muitos anos no Vicariato de Guaíba.
Em cima de um caminhão de som, um trio elétrico, uma equipe de cantos animava a procissão, com reflexões conduzidas pelo jornalista Elton Bozzetto e de Ir. Nilva, coordenadora da Romaria. Milhares de Romeiros caminharam pela cidade de Guaíba até o Parque da Juventude, onde aconteceu a celebração Eucarística, presidida por Dom Odair Miguel Gonsalves dos Santos, bispo auxiliar de Porto Alegre e referencial do vicariato de Guaíba. Diversos sacerdotes, durante a missa concelebraram ou atendiam confissões de peregrinos.
Na homilia da missa solene, Dom Odair enalteceu o trabalho das zeladoras ou animadoras de Capelinhas. “Assim como a multidão devota de Nossa Senhora, uma multidão seguia no Evangelho a Jesus, mas Bartimeu estava à margem, pois era cego e mendigo. Duas realidades que lhe atingem. A comunidade que se encontra junto a Bartimeu, ajuda a ele a seguir adiante. A comunidade nos ajuda a seguir adiante, como foi o apelo ao cego de Jericó. Muitas vezes nos encontramos como Bartimeu: cegos na fé”, frisou.
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre questionou os fiéis: “Qual é a nossa cegueira?”. Frisou que devemos nos aproximar de Jesus não só por curiosidade, mas depois de curados da escuridão, devemos nos colocar no seguimento como discípulos missionários. Lembrou palavras do Papa Francisco que aponta que como Maria devemos nos colocar a serviço.
No final da Missa, as irmãs de São José foram lembradas que sempre organizam a Romaria. “Somos uma Igreja viva e sinodal”, lembrou Ir. Nilva, anunciando o tema da próxima Romaria: “Com Maria, peregrinos da Esperança, no caminho da paz”. Ir. Nilva, junto com Ir. Laura, Ir. Giselda, Ir. Angela, receberam homenagem especial em agradecimento pelos 30 anos de caminhada de fé.
Texto: Pe. Gerson Schmidt – Jornalista e colaborador na Rádio Vaticano
Edição: Marcos Koboldt – Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre