27/05/2022
No início das atividades com a juventude, tem-se percebido a complexidade em articular, reunir, ter a certeza de podermos “contar” com os jovens para organizar os processos. O ritmo de vida dos jovens é desafiador, e a junção de estudo, família, namoro, lazer, uso de tecnologias, a busca e expectativa de trabalho, tem provocado incertezas sobre o presente e o futuro de uma juventude bastante cansada, mas que está aí.
Segundo o assessor e professor - Tiago Neto, que tem trabalhado com jovens estudantes e de grupos de jovens, nas dinâmicas realizadas em alguns encontros, tem percebido que os jovens estão antecipando o sentimento de estarem sobrecarregados; o que faz com que optem em algum momento por não participarem ou abraçarem projetos que lhes ocupem tempo — mesmo que gostem do mesmo.
Com a colaboração e experiência do assessor e professor Tiago, percebe- se que no quesito religioso, os jovens misturam aspectos de várias religiões e acabam organizando uma vivência espiritual muito particular, em virtude do acesso a uma enormidade de pensamentos diferentes de vidas em redes sociais; ele tem procurado outras realidades religiões por um sentimento de que o ‘espaço eclesial’ é fechado a diversos temas contemporâneos que permeiam a vida dos jovens. De outro modo, percebem-se muitos jovens “fechando-se” em tradições como uma forma de manter a identidade neste mundo tão plural e complexo, mas que correm um risco muito grande de não conseguirem dialogar com a realidade vivida.
Percebemos um grande desafio: Qualquer conversa sobre a realidade social pode ser acusada de “doutrinaçao”, o que traz um problema para os jovens de hoje - diante da diluição de espaços onde possam debater livremente e com acompanhamento de adultos em temáticas, que lhes sejam pertinentes.
Ouvindo os jovens percebemos que eles têm um sentimento de estarem expostos a influenciadores digitais, entre os quais um grande grupo tem uma compreensão “rasa” e preconceituosa do mundo. Diante destas constatações, creio que, como comunidade social, religiosa e meios de comunicação social, existem grandes desafios e questionamentos. Precisamos criar espaços de integração e reflexão juvenil para ajudá-los a sonhar com uma nova civilização de inclusão, compreensão, fraternidade e amor, com opções e reflexões, sem vícios e influências, que possam contribuir para a realização juvenil. Que eles sintam segurança em poderem ocupar o espaço que é deles. Urge, favorecer e investir em tempo e espaço para as juventudes com seus anseios e pluralismos, para que busquem a maturação e sentido de vida.
Todavia, na constatação da Jovem – Deize, coordenadora do setor Juventude da Arquidiocese, estamos vivendo um cenário de retomada com jovens empenhados em fortalecer e perseverar como Igreja, mesmo diante de toda a adversidade vivida. Em paralelo a esta retomada, percebemos uma espécie de mudança nos jovens. Uma geração nova com vontade de “pertencer” se encontra em algumas das expressões, dando um novo rosto para movimentos e grupos paroquiais, que por vezes, estavam acomodados em suas atividades de rotina.
Propomos aos jovens ir além dos grupos de amigos e construir a amizade social, buscar o bem comum. A inimizade destrói. E uma família é destruída por inimizade. Um país se destrói pela inimizade. O mundo se destrói pela inimizade. E a maior inimizade é a guerra. E, hoje em dia, vemos que o mundo está se destruindo pela guerra, porque muitos são incapazes de sentarem e conversarem. Sejamos capazes de criar a amizade social” . (Papa Francisco).
Enfim, que os jovens possam estender pontes, para construir uma paz que seja boa para todos, pois, este será um grande sinal da cultura do encontro que os jovens ousam viver com paixão. Mas, sempre é preciso renunciar a algo, se o fizermos pensando no bem de todos. O esforço é artesanal, mas contemplaremos o ‘belo’ no rosto da Juventude.