22/03/2024
Com o Domingo de Ramos nós entramos na Semana Santa. Revivemos com Jesus a paixão, morte e a ressurreição, o auge de sua vida entre nós, a perfeição de vida a que também nós podemos chegar. O caminho da dor e do sofrimento de Jesus pela nossa salvação. Somos convidados a praticar os ensinamentos do Senhor; acolhendo o seu reino de fraternidade e justiça. Deus está do nosso lado quando somos fiéis a missão que ele nos confiou. A obediência a Deus pode nos colocar em situações dolorosas. Confiar em Deus será então olhar para além do sofrimento e não vacilar no caminho iniciado. Certos acontecimentos deixam-nos perplexos. Parece-nos contrários à razão e não conseguimos explicá-los.
Entre outros podemos citar as injustiças, violência, a destruição da vida humana por motivos banais, drogas, desrespeito com a natureza. Muitas pessoas recorrem a Deus colocando nele a esperança de superar uma situação trágica e recuperar a dignidade de viver. Mas é preciso verificar qual é a atitude de fundo que orienta esse voltar-se para Deus. Alguns cedem o próprio lugar a Deus para permanecer de braços cruzados, esperando que a salvação lhes caia do céu. Enquanto que a atitude de Deus, sua ação divina não é excluir o agir humano, mas é colocar-se junto, ser solidário, ele é nosso coadjuvante diante destas situações.
A Semana Santa mais uma vez nos põe em confronto com a paixão de Jesus. Diante de nós coloca-se o Jesus injustiçado, humilhado, zombado, flagelado, reduzido a nada. Os textos bíblicos estão perpassados por uma atitude positiva de entrega e confiança em Deus. Essa obediência fundamental a missão leva Jesus a não fugir dos seus carrascos, opressores, nem desesperar-se diante dos maus tratos físicos e psicológicos. Ele mantém uma postura de dignidade e é capaz de perdoar seus torturadores. Sua morte é uma entrega livre da própria existência nas mãos de Deus. “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”.
São Paulo assim nos convida a examinar o nosso projeto de vida se coincide com Jesus, servo obediente até o fim ou se pautamos nossa vida segundo as leis da sociedade em que vivemos. Nós queremos nos sentir unidos a Cristo para vivermos a mesma experiência de entrega total por amor a cada um de nós. Os ramos verdes que trazemos querem simbolizar, que apesar de tantas provações que a vida nos apresenta nossa esperança em Cristo continua firme e a fé em sua palavra jamais se apagará. Que a contemplação e morte de Jesus crie em nós uma atitude positiva diante da vida e do sofrimento. E aumente a nossa solidariedade ao compartilhar a cruz com nossos irmãos. Pois é na fraqueza da Cruz que o Pai revela através do Filho, a força e a salvação. O eixo fundamental da convivência, em qualquer sociedade, é a dignidade da pessoa humana. Diz o Papa Francisco que todo ser humano possui uma dignidade inviolável, inalienável, em qualquer situação, que corresponde à natureza humana.
O bem viver tem uma gramática ética, com alcance e aceitação universais, e pauta e compromisso social, até que se estabeleça a amizade social, como fundamento do urgente novo humanismo, na sociedade que globalizou a indiferença e agora, por uma questão de vida ou morte, precisa globalizar a fraternidade. Os princípios deste trabalho esforçado de todos os discípulos são o do personalismo, da solidariedade e do bem comum. É necessário afirmar que a amizade social, fruto maduro do exercício da fraternidade, não é um programa romântico, mas um programa de esforços de modo a fazer querer o melhor para a vida da sociedade, para todos e cada um.