10/06/2022
Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o X Encontro Mundial das Famílias que acontecerá em Roma entre 22 a 26 de junho próximo. A proposta do Papa é que todas as dioceses possam estar em profunda comunhão com este evento e assim façam acontecer em suas respectivas realidades o envolvimento de todos, de tal forma que se realizem celebrações e encontros de aprofundamento em torno ao tema central. Será, portanto, oportunidade para que em todos os lugares, sobretudo, os fieis cristãos católicos se sintam envolvidos e participem.
A escolha do tema está em profunda sintonia com duas exortações apostólicas já escritas pelo Papa Francisco. Em primeiro lugar com a exortação Amoris Laetitia de 2016 que trata sobre o amor em família e também a exortação Gaudete et Exsultate publicada em 2018 sobre o chamado à santidade no mundo atual. Neste sentido o Encontro Mundial das Famílias será momento propicio para retomar e aprofundar as riquezas e luzes presentes nas citadas exortações que certamente nos interpelam a crescer no amor em família e responder, assim, ao chamado de Deus para que todos sejamos santos como ele é Santo (conf. Pd. 1,15-16).
Falar do amor em família como vocação e caminho de santidade supõe compreender que o Deus Criador de todas as coisas é, acima de tudo, o Deus-Amor que criou o ser humano no amor e para o amor. O Papa emérito Bento XVI em sua encíclica “Deus Caritas est” lembrou que, “dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro” (n.1). Só é possível falar de um verdadeiro amor cristão em família quando este é suscitado pela fé em Deus que é Amor. Um amor que foi revelado plenamente no alto do calvário quando Cristo, por amor, aceitou dar sua vida pela salvação de todos. Assim sendo, a fé é essencial para compreender mais profundamente o amor como dom de Deus e, assim, crescer mais e mais na vivencia do mesmo. É um amor que supõe viver mais para o outro do que para si mesmo. Certamente os filhos, frutos deste amor, serão gerados e educados numa atmosfera marcada profundamente pela alteridade, generosidade e gratuidade que são próprias do verdadeiro amor.
Entende-se, assim, que o caminho de santidade que todos são chamados a percorrer terá com fundamento o amor. Mas não um amor qualquer e sim o amor que tem Jesus Cristo como grande referencia. É ele, portanto, que, com sua vida e ensinamento, nos mostra como viver no amor uns pelos outros respondendo deste modo ao chamado de Deus à santidade. Essa resposta ao amor acontece na vida ordinária. Diz o Papa Francisco em sua exortação Gaudete et Exsultate: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando de teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com sua Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (n. 14).
Por fim, sendo Deus o Amor Supremo e a fonte de todo amor, nenhum caminho de santidade será verdadeiramente percorrido sem uma vida de intimidade com ele. Assim a vida de oração pessoal e na comunidade, a meditação contínua da Palavra de Deus e a participação assídua nos sacramentos, sobretudo, na eucaristia será sempre essencial na caminhada. E tudo isso buscando viver uma docilidade, uma abertura à presença do Espirito Santo que é o único que tem o poder de iluminar e conduzir todo ser humano nos caminhos do Senhor.