O corpo do Senhor

04/06/2021

“Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência de pão… Nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá” (Francisco de Assis).

O Corpo e o Sangue do Senhor são o sinal presente da comunhão viva e total do Cristo com o humano. É o Sacramento do Senhor que se entrega para comungar com todos, sem excluir ninguém. Comungar o Corpo e o Sangue do Senhor na Eucaristia, participar ativamente da celebração, é também comungar com os membros deste Corpo: jovens e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres…

Santo Agostinho,comentando o mistério da Eucaristia, diz: “Se vocês são o corpo e os membros de Cristo, é o sacramento de vocês que é colocado sobre a mesa do Senhor. É o sacramento de vocês mesmos que vocês recebem. Vocês respondem ‘Amém’ (‘sim, é verdade’) àquilo que recebem, e subscrevem ao responder. Vocês ouvem esta palavra: ‘o Corpo de Cristo’, e respondem: ‘Amém’. Vivam, pois, como um membro de Cristo, para que o Amém de vocês seja verdadeiro. (...) Ó sacramento da piedade! Ó sacramento da unidade! Ó vínculo da caridade!”.

Nestes dias, a comunidade católica celebra a solenidade do Corpo do Senhor. Em muitos lugares, o Santíssimo Corpo do Senhor é levado pelas ruas numa bela demonstração de fé. Há quem ornamenta as ruas e janelas das casas por onde a procissão passa. Tais práticas são fruto de uma rica tradição de fé.

Neste ano, mais uma vez, à causa da pandemia do coronavírus, não será possível realizar manifestações públicas de fé na presença real de Cristo nas Espécies Sagradas. Contudo, mais importante do que participar de uma procissão, é ter fome de Jesus, e assim, continuamente, buscá-lo no mais íntimo de nós mesmos. Abrir-nos à sua verdade para que sejamos marcados pelo seu Espírito. Permitir que ele nos oriente, ilumine e transforme aspectos de nossa vida pessoal e social que ainda não foram verdadeiramente evangelizadas.



Autor:
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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